Pesquisa Científica apoiada pelo FACITEC se revela promissora

Por volta do final do ano de 2019 e início de 2020, a comunidade mundial se sentiu apreensiva com o surgimento da Covid-19. O vírus causava pânico e uma grande corrida por informações e medidas de contenção. Foi neste contexto que a CDTIV lançou um edital ofertando bolsas de mestrado e doutorado, cujo tema era justamente "Covid-19". Uma das contempladas com uma bolsa de doutorado, foi a (hoje Doutora) Rayanne Wandenkolken Lima, com o seu projeto “Desenvolvimento de membranas filtração com materiais recicláveis oriundos do descarte pós Covid-19”. 

O uso de produtos como máscaras descartáveis, luvas, garrafas, equipamentos de proteção individual e embalagens descartáveis na venda de alimentos, aumentava consideravelmente por causa da Covid-19. O descarte incorreto desses materiais, principalmente nas regiões metropolitanas, se tornou um fator preocupante no cenário pós-pandemia, a ser enfrentado pelo poder público.

Rayanne Lima - Ex bolsista de Doutorado do Facitec

Rayanne disse que sua pesquisa foi focada na físico-química de polímeros (os “plásticos”) e teve como objetivo desenvolver membranas de filtração a partir de materiais recicláveis, especialmente os de uso único, como copos descartáveis e embalagens de alimentos.

"A proposta foi transformar resíduos de baixo valor em materiais de alto desempenho, capazes de serem aplicados em processos de tratamento de efluentes industriais e purificação de água".  

Segundo a pesquisadora, as membranas poliméricas são materiais finos e seletivos, geralmente com estrutura porosa, que funcionam como uma espécie de “peneira”. Elas permitem a passagem da água, mas retêm partículas, microrganismos e até íons metálicos dissolvidos, dependendo do tamanho dos poros e da composição do polímero.

“Sua eficiência está diretamente ligada à morfologia, ou seja, à forma e distribuição dos poros e às propriedades físico-químicas do material. Por isso, o estudo da miscibilidade e da compatibilidade entre diferentes polímeros reciclados foi essencial para obter membranas com desempenho adequado”, explicou Rayanne.

Pesquisa desperta interesse

A ex-bolsista do Facitec acredita que a pesquisa desenvolvida no doutorado possibilitou a geração de novos conhecimentos científicos sobre as propriedades termodinâmicas da mistura de diferentes polímeros.

Foram identificadas composições com características promissoras para processos de filtração por membranas, resultando em um produto de potencial tecnológico. Esses resultados estão atualmente em processo de patenteamento e serviram de base para minha atuação como pesquisadora no projeto “Desenvolvimento de membranas poliméricas sustentáveis aplicadas ao tratamento de efluentes industriais para fins de reuso potável e não potável”, desenvolvido em parceria entre a UFES e a VALE. 

Esse projeto só se tornou viável porque a VALE reconheceu o potencial econômico e ambiental das membranas desenvolvidas e manifestou interesse em apoiar a continuidade do trabalho, incluindo novas frentes de pesquisa com biopolímeros e polímeros verdes.

"Minha experiência como bolsista do FACITEC foi extremamente positiva. No Brasil, a maior parte dos avanços científicos vem justamente dos alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Sem o suporte de agências de fomento, como o FACITEC, entre outras do ES, esse trabalho seria praticamente inviável. Especialmente para mim, que sou capixaba da gema, foi importante e gratificante poder fazer ciência nesta capital maravilhosa".

Depoimento de Rayanne Lima (Pesquisadora do projeto - UFES) ao lado de Eloi Alves da Silva (Professor Orientador/Pesquisador Líder do projeto – UFES.