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Segredos de Vitória

Fatos Surpreendentes Revelados pelos Parques da Cidade

Uma Cidade Viva e Cheia de Segredos

Estudos científicos, apoiados pelo FACITEC, realizados no Parque Estadual da Fonte Grande e em outras áreas verdes urbanas de Vitória/ES, trouxeram à luz fatos inesperados sobre nossos vizinhos selvagens.

Na época das pesquisas apoiadas pelo FACITEC (início ano 2000), o Sabiá-da-praia (Mimus gilvus) estava oficialmente na lista de espécies ameaçadas de extinção. Entretanto, a realidade observada nos parques de Vitória contava uma história diferente e contraintuitiva. Um estudo científico conduzido em três importantes áreas verdes da cidade — o campus da UFES, o Parque Municipal da Pedra da Cebola (PMPC) e o Parque Mata da Praia (PMP) — revelou um cenário surpreendente. A ave não apenas foi encontrada em todos os locais, como foi considerada "muito comum".  Curiosamente, nesses parques, o Sabiá-da-praia vivia em "simpatria" — compartilhando o mesmo território — com seu primo mais comum, o Sabiá-do-campo. A conclusão do estudo apontou que a espécie poderia ser "menos vulnerável do que se acreditava anteriormente".

O Sabiá-da-Praia: Ameaçado no Papel, Próspero na Realidade?

Sabiá-da-praia (Mimus gilvus)

Foto: Leonardo Silva

Biodiversidade Impressionante no Parque da Fonte Grande

Enquanto áreas verdes menores oferecem refúgios importantes, o Parque Estadual da Fonte Grande (PEFG) se destaca como um verdadeiro oásis de biodiversidade no coração de Vitória. Na época da pesquisa apoiada pelo FACITEC, um inventário detalhado, realizado ao longo de um ano, revelou números que impressionavam e reforçavam a importância ecológica do parque.Os pesquisadores identificaram nada menos que 121 espécies de aves e 17 espécies de morcegos dentro dos limites do parque. Mas não se trata apenas de quantidade. Entre as aves, 5 espécies eram endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, só existiam naturalmente neste bioma. O fato mais impactante, no entanto, foi o registro do Gavião-Pomba (Leucopternis lacernulata), uma ave que constava na "Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção". Ter uma espécie ameaçada em nível nacional vivendo e prosperando dentro de uma capital era (e continua sendo) um testemunho notável do valor ecológico insubstituível do Parque da Fonte Grande.

Gavião-Pomba (Leucopternis lacernulata)

Parque da Fonte Grande

Quando a Cidade Atrai, em Vez de Expulsar

A expansão urbana é frequentemente associada à perda de habitat, mas ela também pode criar novos nichos ecológicos. Na época, os Pesquisadores observaram que a estrutura urbana — com seus espaços abertos e vegetação dispersa — simulavam um ambiente de savana. Isso favorecia espécies que eram naturalmente adaptadas a esses cenários, mostrando como a atividade humana, ao destruir alguns habitats, podiam inadvertidamente criar outros.

Os Moradores Noturnos do Parque

A vida noturna de Vitória guarda surpresas que poderiam facilmente pertencer a uma floresta remota. O inventário de morcegos no Parque da Fonte Grande não apenas identificou 17 espécies diferentes, mas também confirmou a presença de uma criatura cercada de mitos: o morcego-vampiro-comum (Desmodus rotundus).

A Cidade como um Ecossistema

morcego-vampiro-comum (Desmodus rotundus)

A pesquisa, de certa forma, demonstrou que nossa cidade é um laboratório vivo para a adaptação. Entender essas dinâmicas não é apenas para cientistas; é crucial para construir um futuro onde a natureza e a humanidade possam florescer juntas e em harmonia.

Parque Moscoso - Centro de Vitória/ES

Texto baseado no Projeto de título: o 'Inventário da Comunidade de Aves e Morcegos do Parque Estadual da Fonte Grande, Vitória, ES", Jan/2004, apoiado pelo Facitec. Projeto coordenado por José Eduardo Simon.